Apesar da criação ter sido
oficializada em 1944, a história do Parque começou em 1931, quando o então
arcebispo de Mariana, Dom Helvécio, visitou a região e vislumbrou a necessidade
de preservação da área. A partir dessa visita, o líder religioso passou a
mobilizar autoridades governamentais para que a área fosse protegida
legalmente.
Para o gerente da Unidade de
Conservação, Vinícius Moreira, o Perd tem caráter vanguardista e, por isso, carrega
consigo grande relevância no Brasil. “Esse protagonismo coloca o Parque em um
lugar de responsabilidade, como também de muitos resultados e contribuições
para a conservação da biodiversidade no estado e no país. Minas Gerais
contribuiu muito para a implementação das áreas protegidas no país ao criar o
Perd, em um momento que pouquíssimo se falava em conservação da natureza”,
afirma Vinícius.
Dada os seus recursos naturais
específicos, o Parque é reconhecido pela UNESCO como Reserva da Biosfera de
Mata Atlântica e sítio Ramsar pela Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância
Internacional.
Biodiversidade do Perd
Mais de 1.400 espécies de flora e
940 de fauna já foram registradas no Perd, algumas endêmicas da região e outras
ameaçadas de extinção. Entre as espécies arbóreas ameaçadas estão: jacarandá-caviúna
(Dalbergia nigra), braúna-preta (Melanoxylon brauna) e canela-sassafras
(Ocotea
odorifera). O Perd também é lar de espécies de fauna ameaçadas de extinção
como: muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), tatu-canastra (Priodontes
maximus), onça-pintada (Panthera onca) e a surucucu-pico-de-jaca (Lachesis
muta). Dentre as espécies registradas no Parque, mais de 340
são de aves, 85 de anfíbios e répteis, e quase 50 espécies de peixes nativos da
bacia do Rio Doce.
Com tanta riqueza na fauna e flora, o Perd
recebe pesquisadores desde a década de 1970. A Unidade de Conservação foi um
dos primeiros sítios do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração
(PELD), inaugurado em 1999. Atualmente, o grupo de pesquisadores autodenominado
Unidos do Perd reúne relevantes projetos de pesquisas de caráter continuado. Os
principais projetos desenvolvidos atualmente no Perd são: Projeto
Tatu-Canastra; Projeto Primatas Perdidos; Projeto Carnívoros do Rio Doce;
Projeto Harpia; e Projeto Bicudo.
O gerente da Unidade de
Conservação ainda pontua que o fortalecimento à pesquisa seja um dos principais
legados do Perd. “A geração de conhecimento por meio da pesquisa científica é
uma das maiores contribuições para sociedade. Acredito que dois elementos
contribuem para isso: riquíssima biodiversidade, com espécies raras; e completa
infraestrutura com centros de pesquisas, alojamentos e outros recursos
materiais que reúnem requisitos para o fomento à pesquisa científica”, detalha
Vinícius.
Visitação e Turismo
Para aqueles que gostam de
aventura, são mais de 100km de trilhas, travessias e estradas, com a
possibilidade de conhecer as várias paisagens dentro do Parque, desde matas
fechadas, áreas alagadiças e os diferentes estágios de desenvolvimento da
floresta. Atualmente, o Perd conta com condutores credenciados para guiar os
turistas nos diversos trajetos que podem ser feitos no interior da Unidade de Conservação.
Veja a lista completa em https://linktr.ee/periodoce.
Pela ampla variedade de aves e
espécies raras encontradas em seu território, o Parque tem se consolidado como
um dos principais pontos de observação desses animais em
Minas Gerais e no Brasil. Entre as aves
emblemáticas avistadas no Perd estão o pica-pau-dourado-grande (Piculus
polyzonus), jacu-estalo (Neomorphus geoffroyi dulcis) e o bicudo (Sporophila
maximiliani).
Consolidação da gestão do Perd
“O Parque evoluiu
substancialmente na sua gestão, seja compreendendo e catalisando mais força do
seu entorno para que pudesse de fato ter uma gestão participativa, instituindo
o primeiro conselho consultivo de unidade de conservação em Minas Gerais, e
implementando políticas contidas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação
da Natureza (SNUC). O Parque é uma experiência bem sucedida de implementação de
unidade de conservação no Brasil. Há desafios importantes, mas ao longo dos
anos o Instituto Estadual de Florestas – IEF tem criado políticas públicas
eficazes para que esta joia rara seja salvaguardada”, avalia Vinícius.
Em 2021, o Instituto Estadual do
Florestas – IEF estabeleceu parceria com o Instituto Ekos Brasil, por meio do
Termo de Parceria n.º 51/2021, com o objetivo de apoiar às ações de
consolidação do Parque Estadual do Rio Doce. O termo foi firmado após o Acordo de Cooperação celebrado
entre IEF e Fundação Renova em detrimento do rompimento da barragem de Fundão,
em 2015. O total do investimento previsto pelo Governo de Minas Gerais para a
parceria é de R$ 21 milhões.
Com este instrumento, estão em desenvolvimento diferentes ações em sete áreas temáticas, sendo elas: Operacionalização e Manutenção do PERD; Fortalecimento da Gestão; Uso Público e Educação Ambiental; Fortalecimento da Proteção do PERD; Fortalecimento de pesquisas; Fortalecimento da comunicação e Regularização fundiária do PERD. (agencia ANVA)