Dos primeiros 132 abordados, 86 aceitaram ir para os locais de acolhimento da prefeitura
No primeiro dia, em cinco horas, foram realizadas 132 abordagens na região da Praça Armênia. Destes, 86 pessoas aceitaram encaminhamento aos serviços da prefeitura. O programa, que funciona 24 horas por dia ininterruptamente, conta com pedagogos, sociólogos, terapeutas ocupacionais e arte-educadores para que o público receba atendimento integral
Em mais uma iniciativa para acolher e oferecer oportunidades
às pessoas em situação de rua na cidade, a Prefeitura de São Paulo, por meio da
Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), lançou
nesta segunda-feira (10) o projeto “Ampara SP”, que conta com equipes especiais
de abordagem para apresentar a esse grupo as formas de acolhimento oferecidas
pelo município, como vagas em hotéis e centros de acolhida com quatro refeições
diárias. Somente neste primeiro dia, das 7h às 12h, foram realizadas 132
abordagens, que resultaram em 86 pedidos para encaminhamento aos serviços de
acolhimento.
A ação começou hoje (10), na Praça Armênia, no Bom Retiro,
região Central da cidade, para garantir mais um conceito complementar à
abordagem já existente às pessoas em situação de rua na cidade. No total, os
profissionais da prefeitura visitam nesta segunda-feira 15 pontos com grande
número de moradores em situação de rua. Além da região da Praça Armênia, o
trabalho acontece em outros 14 pontos: Parque Dom Pedro, Glicério (dois
locais), Minhocão, Avenida Paulista, Viaduto CPTM, Rua Vergueiro, Rua Ana Rosa,
Centro Histórico, Viaduto 25 de Março, Viaduto Governador Roberto de Abreu
Sodré, Viaduto Diário Popular, Avenida Mercúrio e Avenida do Estado.
Na ação, profissionais interdisciplinares promoverão o
atendimento integral a essas pessoas, com foco no atendimento integral, escuta
e acolhimento, como um aprimoramento das medidas já adotadas pelas equipes da
SMADS e das Subprefeituras, sempre respeitando as individualidades de cada
pessoa ou grupo.
“Nossa meta é fazer com que todas as pessoas que hoje vivem
nas ruas tenham tratamento digno, e não mais sejam obrigados a morar em
barracas nas ruas”, disse o prefeito Ricardo Nunes. ”, O secretário municipal
de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Jr, reafirma a
necessidade de criar saídas qualificadas para quem hoje vive nas ruas da
cidade.
“Há uma mudança clara na abordagem com equipes diferenciadas
que farão, neste primeiro momento, um percurso pré-determinado aqui na região
central, que é a região de maior concentração de pessoas em situação de rua na
cidade, para que a gente possa ter um fortalecimento de vínculos com essas
pessoas, uma abordagem ainda mais humanizada, mais qualificada, para que
possamos ter uma maior aderência dessas pessoas às vagas e aos espaços que
estão sendo oferecidos, sempre com dignidade no acolhimento”, diz Bezerra.
Quando desejarem, os abordados serão encaminhados para vagas
contratadas pela Prefeitura em hotéis e Centros de Acolhida localizados no
Centro da cidade, que estarão preparados para receber pessoas com necessidades
específicas, como pessoas sozinhas, com deficiência, famílias, idosos e
população LGBTQIA+. Nestes serviços, as pessoas receberão, além da hospedagem,
café da manhã, almoço, lanche e jantar. As vagas são fixas e não apenas para
pernoite.
O Ampara SP percorrerá os pontos que foram mapeados
previamente pelas equipes técnicas da Secretaria. Com duração de 24 horas por
dia, o trabalho ininterrupto das equipes será realizado nos sete dias da
semana, e contará com 46 técnicos especializados, sendo que, destes, 20%
possuem trajetórias de rua e 10% são pessoas LGBTQIA+.
Marlon Alves Clemente estava em situação de rua, e hoje faz
parte da equipe de abordagem. “Eu estava em situação de rua e fui acolhido pela
Equipe Reencontro do Canindé. Fui chamado para trabalhar aqui. Estamos com uma
proposta nova, é um programa novo. Hoje já fiz duas abordagens e as duas
pessoas não queriam ir, por causa do cachorro. Antigamente não tinha esse
espaço para o cachorro ficar ou mesmo a carroça, mas eu falei sobre os nossos
serviços e elas acabaram aceitando ir para um desses locais, levando o
cachorro”, contou.
A iniciativa da Prefeitura de São Paulo é um desdobramento
do Programa Reencontro, instituído pelo Decreto n° 62.149 de 2023, no âmbito da
Política Municipal para a População em Situação de Rua, Lei n° 17.252 de 2019.
O Reencontro estabelece um conjunto de ações para garantir a proteção social e
promover a saída qualificada da situação de rua, a partir da oferta de
diferentes estratégias de promoção de direitos com enfoque no acesso à moradia
e na inclusão produtiva.
O prefeito Gustavo Nunes está oferecendo acolhimento digno para as famílias |
“Estamos empenhando esforços para não só inovar nas propostas, mas trazer meios de melhorar e aperfeiçoar o atendimento na rede socioassistencial. O Ampara SP vem ao encontro desses objetivos quando coloca nas ruas equipes tecnicamente multifacetadas, com agentes sociais especializados nas áreas de Assistência Social, Pedagogia, Sociologia, Terapia Ocupacional, Psicologia, entre outros. Temos vagas em hotéis e Centros de Acolhidas para aumentar a adesão por parte das pessoas que se encontram em situação de rua”, disse o secretário.
Patrícia Ferreira já trabalhou como cuidadora de idosos e na
área administrativa, mas ficou desempregada na pandemia e acabou indo morar na
rua. Nesta segunda (10), ela aceitou o acolhimento. “Cheguei a passar por
algumas vagas de acolhimento, inclusive vagas fixas, fiquei em alguns centros
de acolhida temporários e de acolhimento especial para mulheres. Hoje vivo com
o meu companheiro e um dos motivos que me levava a recusar os serviços era
falta de vagas específicas, que eu pudesse ficar com ele. Hoje nos foi ofertada
uma vaga fixa em um hotel social, para que a gente fique junto e possamos
começar uma vida nova, com outras expectativas, com moradia e a oferta de
trabalho, para voltarmos a ter uma vida financeira”, contou.